Ainda não leu Absoluto? Tá esperando o
quê? Nesse meio tempo que tal aproveitar o Dia dos Namorados com esse conto
escrito pela autora M.S. Fayes? Depois não se esqueça de correr para comprar o
livro ;)
Capítulo 1
Gabe Szaloki estava mais nervoso do que
poderia imaginar. Se alguém algum dia dissesse que já o tinham visto apavorado,
ele teria rido na cara da pessoa e qualquer um saberia que isto era uma mentira
deslavada. Isso seria antes. Antes de Kate. Seu calendário pessoal marcava
A.K/D.K, Antes de Kate e Depois de Kate.
Nem se sua mãe falasse que algum dia o
encontraria completamente apaixonado e entregue a uma mulher, ele acreditaria.
Mas ali estava ele, quase roendo a unha do polegar, sentado displicentemente na
bancada da cozinha, à espera de uma ideia que pudesse colocar em prática para
surpreender sua Kate.
Certo. Era dia dos namorados, eles já
estavam juntos há quase um ano e Gabe queria preparar algo muito mais do que
romântico para sua mulher. Embora vivessem juntos desde quando acertaram seus
ponteiros, cada dia era um novo dia para Gabe e Kate. Quando ela enfim aceitara
seu pedido de casamento e se comprometera com ele, Gabe poderia certificar que
um homem poderia ser mais feliz do que um ganhador da loteria.
Só em receber o perdão de Kate naquela
ocasião já lhe valera o ano. Tê-la aceitando seu anel, valera décadas.
Agora ele precisava superar as
expectativas de Kate que dissera que "a maioria dos homens não sabe nada
de romantismo". Era obvio que ele tinha a fama de ser completamente
arredio e destemido nas tribunas. Seus casos eram vistos como verdadeiras aulas
de direito. Seu olhar penetrante poderia fazer desmaiar um réu mais propício a
assustar-se com a intensidade com que Gabe Szaloki enfrentava seus adversários.
Ele era um lutador. A tribuna para ele era um ringue. Os advogados da
contraparte eram seus adversários e bastava que ele abrisse a boca para que
causasse um silêncio absoluto entre os expectadores.
Porém seu lado húngaro, recheado de
romantismo, oriundo das raízes ciganas que seu povo descendia, mostrava que a
paixão não era algo a ser tratado com leviandade. Ele era um apaixonado em
qualquer coisa que fizesse. Mas seu lado amoroso, aquele onde ele mostrava o
ponto máximo de seu coração....este pertencia somente à Kate. Sua família
recebia uma parcela de amor dedicado a eles. Família, aliança, coração. Kate
recebia tudo o que ele podia dar e mais um pouco.
E era exatamente isso que ele queria
fazer naquele momento. Deixar Kate estupefata, boquiaberta e sem palavras
diante da expressão máxima de seu amor por ela. Era difícil surpreender uma
mulher prática como Kate. Mas ele sabia que com afinco conseguiria o seu
intento.
Olhando para o polegar agora
completamente destruído, Gabe apenas balançou as pernas e pegou seu celular.
Pesquisando em alguns sites ele acabou descobrindo uma receita sensacional de
uma sopa Goulash, típica da Hungria. Gabe sabia que bastava que ligasse para
sua anya que ela o encheria de ideias
sobre o que fazer. Ou melhor, sua mãe era capaz de aterrissar ali na sua casa
com potes e sacolas de mercado, comidas e bebidas típicas e um sem fim de
coisas para incrementar sua noite. Não. Ele queria fazer algo por ele mesmo.
Algo que significasse para Kate que ele passou o dia pensando apenas nela e em
agradá-la.
Gabe colocou a mão na massa e deu início
ao seu projeto culinário. Kate havia acabado de passar uma mensagem avisando
que chegaria um pouco atrasada, já que estava com Fay comprando mimos para a
pequena Ellise, filha da amiga de ambas, Lana. Claro que Fay conhecia seus
planos mais do que ninguém, já que as ideias loucas sempre partiam daquele
cérebro revestido por uma cabeleira ruiva.
Certo. Ele tinha tempo. Ou esperava ter
tempo, quando ergueu os olhos e deparou-se com o relógio gritando que seu prazo
estava esgotando. Gabe mexeu na panela e sentiu o cheiro simplesmente divino de
sua sopa. Se estaria gostosa ele não fazia a menor ideia, mas que cheirava bem,
isso ele tinha certeza. Gabe olhou para a área onde montara a mesa de jantar,
observou se todos os utensílios estavam adequadamente no lugar, se a aparência
estava perfeita para uma noite perfeita. Só a vista do local já valia à pena.
Seu celular apitou alertando que havia
recebido uma mensagem.
Tudo
mais do que no esquema. Ela não faz ideia do que a espera. E aí? Já organizou
tudo, Absoluto?
Gabe odiava o apelido que Fay o chamava.
E Kate quando queria irritá-lo usava constantemente.
Yeap.
Tudo certo. Acho que nem sequer queimei a sopa. :)
Alguns minutos depois outro alerta de
mensagem.
Se
liga. Se algo sair errado eu arrebento você. HeHeHe.
Gabe riu e deixou o celular de lado.
Desligando todas as bocas do fogão, ele apanhou a garrafa de vinho e levou para
o balde já recheado de cubos de gelo. Chegou até a pensar que estava cedo
demais para colocá-lo ali, mas o bom senso já nem sequer se manifestava agora.
Gabe se dirigiu ao quarto e resolveu
tomar um longo banho e se aprontar, deixando para checar os detalhes restantes
na hora adequada.
Capítulo 2
— Fay! Pelo amor de Deus, eu nunca
conseguiria caminhar com uma...uma...camisola dessas!— Kate disse num sussurro
exasperado.
— É claro que não estamos pensando em
caminhadas aqui, não é mesmo minha adorável Kate? — Fay zombou. — Com um homem
fabuloso como aquele seu, quem gostaria de caminhar? Querida...caminhar é o que
não passaria em minha mente em hipótese alguma...
Kate riu e olhou para os lados para ver
se mais alguém tinha ouvido os disparates de sua amiga louca.
— Em primeiro lugar eu pensei que
tínhamos vindo aqui para comprar um pequeno enxoval para Ellise. Você mudou os
planos me fazendo vir aqui nesta loja de lingeries. — Kate tentou parecer
brava, mas era impossível sentir-se assim perto de Fay.
— Claro. Porque você simplesmente se
esqueceu que dia lindo e maravilhoso será amanhã. Se não fosse por mim esta
data especial passaria batida...— ela disse e limpou as unhas numa atitude
indulgente.
— Céus, Fay. A romântica do grupo é a
Lana. Nem eu poderia imaginar que você estaria tão antenada na data. — Kate
disse rindo.
Fay caminhou por entre as araras de
roupas íntimas e selecionou um conjunto devastadoramente sexy.
— Kate, Kate... eu posso ser
completamente desnorteada das ideias, mas até eu consigo extrair de dentro de
mim mesma o meu lado mais sedutor e romântico. E o meu lindo que se prepare,
porque a coisa vai ser de arrepiar...
As duas riram e Kate ergueu novamente a
camisola que Fay queria que ela levasse. Era longa, de seda na cor creme, num
tom suave. O decote era singelo e na verdade a camisola mais se parecia a um
vestido de seda do que uma roupa íntima. O tecido não era transparente em
absolutamente nada e suas curvas ficariam moldadas, porém numa maneira completamente
jovial.
Decidindo-se por uma calcinha sem costuras
para não marcar no tecido, ela ainda assim fez questão que fosse linda e da cor
do vestido. Decidiu que seria o suficiente.
As duas saíram da loja de departamentos
e foram em direção ao estacionamento. Gabe havia acabado de passar uma mensagem
dizendo que estava assistindo um jogo de baseball e que ela tivesse seu tempo.
Enquanto ela estava empenhada em fazer algo para agradá-lo, claro que com o
lembrete de Fay, Kate tinha certeza que Gabe estava completamente alienado da
data e simplesmente ficaria satisfeito em ser o alvo de sua surpresa. Não que
Kate se queixasse. Gabe era extremamente carinhoso e sempre demonstrava para
ela, seja em gestos ou em palavras, que a amava. E Kate amava quando ele
declarava seu amor em húngaro, com um forte acento sexy e rouco que saía de sua
voz. Para isto ela passou o dia treinando dizer as palavras também em húngaro,
numa tentativa de surpreendê-lo. Ela esperava que conseguisse.
Olhou rapidamente para sua sacola onde o
presente que comprara para ele estava bem alojado. Ela esperava que fosse do
agrado de Gabe. Era algo simples, mas especial.
As duas entraram no carro de Fay e
continuaram suas trocas de zombarias sobre os namorados respectivos. Fay a
importunava todas as vezes dizendo que se casaria antes dela. Era bem verdade
que desde que toda a confusão foi resolvida com Gabe e ele fizera o pedido de
casamento, ela apenas colocara a aliança em sua mão e esquecera de planejar os
detalhes futuros. Ela sentia um certo medo, internamente, de que estivesse
sonhando ainda, que o fim seria o mesmo que teve com Mike. Apenas planos e
nenhuma concretização.
Quando Fay parou na frente do condomínio
de Gabe, as duas se despediram e Kate caminhou esperançosamente em direção ao
seu Gabe. Definitivamente ela faria uma bela surpresa amanhã.
Capítulo 3
Gabe alinhou-se junto à lareira,
apoiando seu cotovelo de maneira despretensiosa no suporte e olhando de relance
a foto emoldurada dos dois. Um sorriso brotou em seus lábios quando ouviu a
chave girar mais uma vez e escutou Kate praguejando. Gabe colocara o trinco
especial com três voltas para que ficasse atento e alerta quando ela chegasse
enfim ao apartamento.
As luzes estavam apagadas e Kate chamou
de longe:
— Gabe? — ele pode ouvir o tom incerto
em sua voz. Como ele falou mais cedo que estaria assistindo um jogo na TV,
provavelmente ela esperava que ele estivesse na sala de estar.
Ele ouviu os passos de Kate pelo piso,
ouviu quando ela tirou os sapatos e virou à direita, entrando na sala de estar
e deparando-se com ele parado em frente à lareira charmosamente acesa.
— Ga...— ela interrompeu o chamado
quando seus olhos se conectaram aos de Gabe. — Oh...
Pelo tom surpreso, Kate prontamente não
esperava por esta recepção. O que lhe valia um ponto extra no projeto
"Surpreendendo Kate".
—
Olá, querida. — Gabe disse em um tom sedutor.
Ele viu quando um sorriso singelo surgiu
no canto da boca de Kate enquanto ela tirava o casaco colocando-o no respaldo
do sofá.
— Ora, ora...Dr. Szaloki...— ela disse
caminhando em sua direção. — Interessante o seu jogo de baseball...
Gabe sorriu entregando a ela sua taça de
vinho que já estava preparada para a ocasião.
— Garanto que vai ficar muito mais
interessante daqui a pouco...— ele disse e puxou Kate para o calor de seus
braços.
O ruído das achas de madeira queimando
podia ser ouvido acima do som das batidas de seus corações. Kate entregou-se ao
beijo de Gabe, deliciando-se com o sabor do vinho que brindava sua boca. A joia
fria pelo vinho raspava seus dentes e Kate controlou-se para não morder a
língua de Gabe. Ela sabia que quando fazia isso ele ficava louco. As mãos de
Gabe percorreram os braços de Kate e retiraram de sua mão a taça que ela sequer
bebericara.
Em seguida, Gabe a puxou mais apertado
contra seu corpo e Kate exalou um suspiro de prazer diante da paixão
arrebatadora de Gabe. A língua dele com aquela joia fria pelo vinho fazia
maravilhas pelo corpo de Kate.
— Olá, querido. — ela disse quando pode
enfim respirar e seus olhares se encontraram.
— Gostou da minha recepção para uma
noite fria e desgastante? — ele perguntou.
— O dia foi desgastante....a noite não.
— ela disse e lhe deu uma piscada.
Kate era adorável. De um jeito todo
especial ela fazia com que cada conversa que eles tivessem fosse recheada de
argumentos e sentenças vindouras. Promessas e mais promessas de pura paixão.
Nem ela mesma sabia que armazenava esse poder todo em si.
— Você quer uma massagem? — Gabe
perguntou já apertando seus dedos em seus ombros tensos. Delicadamente ele
afastava o tecido de sua blusa e distribuía beijos suaves ao longo de seu
pescoço à medida que sua pele ia sendo exposta aos seus olhos famintos.
— Aww, Gabe...você sabe mesmo seduzir
uma mulher...— ela disse entre um gemido de prazer pela massagem seguida de beijos
em seus ombros.
— Sei seduzir apenas a minha mulher, Édes.
Kate derreteu-se com o apelido carinhoso
com que ele a chamava.
— Você está com fome? — ele perguntou e
Kate pode ouvir o tom esperançoso em sua voz. Muito provavelmente ele esperava
que ela dissesse não. Daí eles teriam uma rodada selvagem entre os lençóis e
somente depois encontrariam forças para arranjar algo para comerem.
— Neste exato momento? — Kate perguntou
virando o pescoço e dando mais acesso aos dentes de Gabe que agora a mordiscavam.
— Yeap.
Kate riu e Gabe a pegou no colo, levando
sua carga preciosa para o quarto, onde as promessas e juras de amor poderiam
ser demonstradas de maneira mais adequada ao momento.
Capítulo 4
Quando Kate abriu os olhos momentos
depois, ela observou que Gabe não estava ao seu lado. Erguendo o corpo um pouco
mais ela pode ver as horas no relógio digital que ficava ao lado. 23:59h. Uau.
Quase meia noite, e ela e Gabe se enfiaram no quarto por mais tempo do que
pensava. Seu estômago manifestou seu desagrado em ser esquecido por tanto tempo
e Kate se levantou para alcançar seu robe jogado no chão.
— Gabe? — ela chamou e a cena pareceu um
dejavú, exatamente como quando ela chegara mais cedo naquela noite.
O que a esperava não poderia deixar de
surpreendê-la. Gabe estava parado, ao lado da mesa de jantar, completamente
vestido em trajes de gala e com duas taças nas mãos.
— Oh, oh...— ela disse e parou sua
caminhada. — Você está cheio de surpresas, Dr. Szaloki. — Kate disse e riu,
apertando mais ainda o robe contra seu corpo. Embora a casa estivesse aquecida
com o calor da lareira e os temporizadores ultra modernos que Gabe fazia
questão de ter, ela sentiu um arrepio percorrer
sua espinha dorsal.
— Eu sou um homem surpreendente. — ele
disse com um sorriso torto.
— E modesto. — Kate completou.
— E modesto, claro. Como eu poderia me
esquecer desta qualidade tão peculiar em mim? — ele disse e entregou a taça nas
mãos trêmulas de Kate. Mais uma taça de vinho e ela estaria completamente
embriagada.
Puxando-a até sua cadeira, Gabe agiu
totalmente cavalheiresco a ajeitando delicadamente diante de uma mesa
magnificamente posta à sua frente. Kate aspirou o ar e sentiu o agradável
cheiro do vapor que saía da baixela no centro da mesa.
— Oh...quando você fez tudo isso? — ela
perguntou desconfiada.
— Seria um segredo, mas não posso deixar
de me gabar e dizer que passei o dia inteiro no preparo deste evento. — ele
disse e ainda ao seu lado beijou sua cabeça. Em seguida, Gabe sentou-se à sua
frente.
O grande paredão de vidro que permitia a
vista do mar completava o belo cenário que Gabe organizara para surpreendê-la.
E Kate estava definitivamente abismada com o capricho com que ele fizera tudo
aquilo para ela.
— Claro que, como um bom namorado,
futuramente marido, eu não poderia deixar de passar esta data que...— ele olhou
para seu relógio de pulso.— ...Começou há exatamente 4 minutos. Droga...era pra
ter sido pontual.
Kate riu e apenas esperou que ele
finalizasse seu discurso.
— Eu poderia ter esperado esta data para
simplesmente pedi-la em casamento, mas não faz parte da minha natureza egoísta
esperar tanto tempo em assegurar que você realmente fosse minha. — ele disse e
limpou a garganta. — O que acabou me deixando sem muitas opções românticas para
presenteá-la hoje.
— Gabe...é apenas uma data...— ela
tentou dizer, mas ele ergueu a mão impedindo que continuasse.
— Não se trata da data em si, Édes.
Trata-se do início de algo que ficará eternamente marcado em nossa história. —
ele disse e seu olhar era intenso. Kate sentiu seu rosto esquentar. — Eu
prometo fazer de cada dia que tenhamos juntos uma data especial, uma lembrança,
um marco. Seja por nossos momentos românticos, sedutores ou até mesmo pelos
momentos ásperos. — Gabe ergueu uma sobrancelha indagativamente.— Embora eu
tenha que dizer que brigar leva aos momentos em que fazemos as pazes e o sexo
realmente é ótimo e original nestas ocasiões.
Kate riu e colocou as mãos frias na face
quente. Gabe ainda conseguia fazer com que ela corasse. Isto em si já era
surpreendente.
— Quero que você se lembre deste dia
eternamente. Eu não posso prometer que vou elaborar algo grandioso todos os
anos, mas posso prometer que vou fazer de tudo para fazê-la feliz. — Gabe lhe
deu um sorriso arrebatador. — Você é minha alma, Zív. Meu coração, meu tudo.
Você me completa e acrescenta detalhes em mim mesmo que nunca antes tinha
percebido. Eu espero que o desenrolar da minha surpresa seja algo realmente
verdadeiro e eterno.
Kate enxugou uma lágrima sorrateira que
descia por seu rosto e sem nem ao menos saber o que fazer, apenas olhou para um
emocionado Gabe.
— Agora, coma sua sopa. Preparada por
mim, porque você vai precisar de forças para o que virá a seguir....— ele disse
e piscou um olho de maneira enigmática. Este era seu Gabe. Sempre tentando agir
como se tivesse uma carta poderosa nas mãos.
— Okay. — ela disse e serviu-se da sopa
Goulash que ele havia dito ter feito especialmente para ela. — Oh...uau....—
ela disse limpando uma gota que teimava em sair de seus lábios. — Está
deliciosa, Gabe. Você mesmo fez? — Kate perguntou desconfiada. Gabe poderia
muito bem ter encomendado o prato com sua mãe sem ela saber.
— Não fira meu coração, Édes. — ele
disse e dramaticamente colocou a mão em seu peito.— Preparei sozinho e
absolutamente sozinho tudo isto que você vê aí. Claro, que com exceção dos
itens industrializados que me auxiliaram no processo.
O jantar prosseguiu calmamente, com os
dois trocando olhares amorosos entre si. Kate estava realmente sem palavras e
em seu coração ela brigava consigo mesma por não ter pensado em algo tão ou
mais romântico que ele. Droga. Ela
deveria ter ouvido Fay. Kate pensou.
Quando ambos terminaram seu segundo copo
de vinho, Gabe a levantou da cadeira arrastando-a junto consigo até a parede de
vidro, e mantendo-a aninhada ao seu corpo enquanto admiravam a lua iluminada
uma faixa no mar.
— Daqui a pouco será um novo começo,
Zív. E o que preciso dizer para você é que simplesmente te amo, com tudo o que
sou. Szeretlek. — ele disse e fez um afago em seu pescoço.
— Gabe...eu...ah...— ela disse e
virou-se para ficar de frente com ele. — Ah...espera....estou nervosa....
— Com o que?
— Ah...Svere...não...Szere....oh,
céus...é mais difícil do que eu pensei...— ela disse e riu baixinho com a testa
apoiada no peito de Gabe. — Szere...tlek.
Pronto. Ela havia completado sua
declaração em húngaro. Provavelmente devia estar um lixo com o sotaque dela,
mas ao menos ela fez questão de mostrar através das raízes da descendência
dele, que ela o amava em qualquer idioma.
— Eu te amo. — ela repetiu. — Foi isso
que eu quis dizer...
Kate percebeu que Gabe segurava para não
rir.
— Foi isso que você tentou dizer, Édes?
— ele perguntou zombando.
Kate deu-lhe um tapa no ombro.
— Gabe! Não zombe de mim! — ela tentou
parecer brava, mas um sorriso também saía de sua boca. — Eu ao menos tentei
falar esta...esta...palavra...
— De maneira desastrosa...— ele disse e
riu quando levou outro tapa. — Ai! Calma...estou apenas brincando...foi lindo,
meu amor...um pouco mais de treino e vai sair naturalmente. — Gabe disse e a
ergueu nos braços colocando seus rostos na mesma altura. — Mas eu não me
importo em ouvir novamente.
— Em húngaro? — ela perguntou temerosa.
— Em qualquer língua que você
quiser...ou de qualquer maneira que você quiser demonstrar...
Enquanto dizia isso, Gabe a levou de
volta ao quarto, para mais um momento em que apenas seus corpos e sussurros se
manifestariam, guiados pelo coração e pelo amor que sentiam um pelo outro.
Capítulo 5
Quando o relógio marcava 5: 47h, Kate
percebeu que Gabe a manipulava na cama para que ela se sentasse.
— Vamos, amor. Levante-se.
— Ahhhhh....— Kate gemeu ainda com os
olhos fechados. — Me deixa dormir...
— Não....se não perderemos o espetáculo.
— Que espetáculo, Gabe? Você sabe que
horas são? — Kate perguntou abrindo apenas um olho.
— Sei. É hora de mudar o que está errado
nesse quarto.
— Hã?
Kate não estava entendendo, mas Gabe
apenas a ergueu da cama. Ela tentou alcançar o robe, mas ele a impediu.
— Não. Você está linda assim, somente
com essa camisola...— Gabe disse e passou as mãos pelo seu corpo. — Inclusive,
belíssima por sinal...
Só aí Kate percebeu que estava vestindo
a camisola que ela comprara no dia anterior na companhia de Fay. Como a
vestimenta fora parar no seu corpo ela não fazia a mínima ideia.
Gabe a puxou pela mão pelo longo
corredor que levava às portas de saída que davam para o mar. Ela sentiu um
arrepio por todo o corpo quando o vento frio do início da manhã penetrou na
casa aquecida.
— Gabe! — ela gritou tentando fazer com
que ele parasse. — Me deixe ao menos pegar um casaco!
Estava frio lá fora e Kate pode ver
apenas a luz insidiosa do sol querendo nascer. Quando ela percebeu que Gabe a
levava no colo com toda pressa até um determinado ponto da areia, Kate quase
desmaiou com o que viu.
Um pequeno púlpito decorado com flores
brancas e um tecido diáfano e flutuante abrigava atrás de si um homem que muito
provavelmente ela poderia afirmar que fosse um....
— Pronto, Carl. Aqui estamos. — Gabe
disse e a colocou de pé na areia que estava coberta por um tecido quente. Ao
menos seus pés estavam bem mais quentinhos na história. — Pode começar.
— Gabor Szaloki, você aceita Katherine
Campbell como sua legítima esposa, para adorá-la, honrá-la, irritá-la e
continuar amando até que seus dias se findem nesta terra fria? — ele perguntou.
Kate estava estupefata. Gabe tramara
aquilo tudo. E agora ela até mesmo se recordava de Fay falando em seu ouvido. "Uhhh...esta camisola até se parece com
belo vestido de noiva, você não acha?". Gabe a olhou e apontou para o
horizonte que marcava o encontro do céu e do mar. Naquele exato momento, o
grande círculo laranja se erguia imponente num belíssimo nascer do sol que
ficaria gravado na mente de Kate eternamente.
— Sim. Aceito. Diante de qualquer pôr do
sol ou raiar, o único que posso dizer é que nada se compara a ter esta mulher
ao meu lado pelo resto de nossos dias. — ele disse com a voz rouca de emoção.
Okay. Kate agora estava chorando. Ainda
bem que não estava de maquiagem. Possivelmente ela choraria petróleo por conta
do rímel.
— Katherine Campbell, você aceita honrar
este homem, ostentando lindamente seu sobrenome para mostrar ao mundo e a
todos, neste frio... — O juiz fez questão de olhar bravo para Gabe.— que você
pertence a este homem como ele pertence a você?
Kate olhou para Gabe e simplesmente
pulou em seu pescoço.
— Sim! Sim...— ela disse e o beijou com
toda a volúpia que ardia em seu corpo naquele momento.
Um pigarro foi ouvido.
— Eu odeio quando as pessoas quebram
todo o clima da cerimônia e sequer esperam que eu diga : "pode beijar a
noiva" ....— o juiz disse. — Isso estraga toda a performance que venho
executando há anos.
— Cala a boca, Carl. — Gabe disse e
continuou beijando sua mulher. Kate agora era sua esposa. Diante de Deus, do juiz
e dos elementos da natureza. E diante de todos. Claro. Em espírito.
Puta merda. Gabe sabia que sua mãe o
mataria no final daquele mesmo dia.
Fim
Salvei aqui para ler depois!
ResponderExcluirAdorei a disponibilização!
Ah! Tá rolando promoção valendo um exemplar de "A Culpa é das Estrelas"
Passa lá
Beijinhos
Rizia - Livroterapias
Estou louca para ler este livro e conhecer mais sobre esta trama cheio de 'leis" Achei o enredo de Absoluto parecido com Cretino Irresistível mas acredito que seja só o começo mesmo
ResponderExcluirAlias encontrei seu blog através da Patty do Coração de Tinta e já estou amando! Estou seguindo blog e se quiser conhecer meu cantinho também será super bem vinda
Beijos Joi Cardoso
Estante Diagonal