Romance tóxico (Heather Demetrios) #Resenha


Uma história contemporânea, comovente e incrivelmente honesta sobre como encontrar forças para se libertar de relacionamentos tóxicos.Grace quer sair de casa. Ela se sente sufocada pelo padrasto agressivo e pela mãe obsessiva, que a faz esfregar o chão até toda a poeira (que só ela enxerga) sumir. Quer ir embora da cidadezinha onde mora, na Califórnia, pequena demais para seus sonhos. Quer fugir da vida que leva e se tornar uma artista em Paris, uma diretora de teatro em Nova York… qualquer futuro que seja distante do medo e da solidão que sente.Então ela se aproxima de Gavin: charmoso, talentoso e adorado por todos da escola. Quando os dois se apaixonam, Grace tem certeza de que aquele romance é bom demais para ser verdade. Mas as suas amigas enxergam um outro lado do garoto — controlador e perigoso —, que, com o tempo, vai transformar o relacionamento dos dois em uma prisão da qual Grace será incapaz de escapar sozinha.

Trigger Warning: abuso verbal e emocional, suicídio, doenças mentais e estupro.


Comecei a leitura sem saber muita coisa além do título que já entrega o assunto do livro, mas quem me conhece sabe que eu sempre vou dizer sim para YA, que a probabilidade de eu gostar de livros que são dolorosos de se ler é alta e essa experiência não foi diferente; olhem bem essa capa além dela ser maravilhosa como imagem, depois que você termina a história você realiza o quanto ela é perfeita.

“Romance Tóxico” é um Young adult que pode conter alguns gatilhos, mesmo que você nunca tenha passado por nenhuma situação como a da protagonista; com um começo de ritmo rápido, logo somos apresentados a Grace, uma garota de 17 anos que mora com a mãe, o padrasto e o meio irmão numa família bem disfuncional o que nos deixa com a sensação de perigo constante.

“Daqui um ano eu vou estar gritando “VAI SE FODER” com o rosto enfiado no travesseiro porque não vou ter coragem de dizer isso na sua cara.”

O ponto de vista narrativo é da Grace no futuro, ela nos conta e revive o passado porque está escrevendo uma carta ao ex-namorado (segura essa informação aí porque ela será importante para explicar minha experiência de leitura); já nas primeiras páginas já somos introduzidos ao círculo escolar de Grace, que está envolvida com as montagens de teatro da escola (temos inúmeras referências a musicais e peças teatrais), aos seus amigos Nat e Liz e ao Gavin.

Heather como autora escolhe nos contar logo no começo sobre o que é a história que vamos encontrar, mesmo com o plot central revelado e parte do desfecho também,  acreditem em mim, apesar de parecer tirar parte do interesse da história é essencial para discutir um tipo de relação na qual a linha que divide abusos e situações normais é tão tênue que seria fácil nos perdermos, essa escolha de narrativa foi muito responsável do ponto de vista da autora na minha opinião e ganha inúmeros pontos com isso .

“Garotas não se apaixonam por cretinos manipuladores que as tratam como merda e as faz questionar seriamente suas escolhas. Elas se apaixonam por cretinos manipuladores (que as tratam como merda e as faz questionar seriamente suas escolhas) que elas acham que são príncipes encantados. ”

Gavin está no último ano do colégio e é o crush de Grace, a escola é o refúgio dela já eu ela não se sente confortável no ambiente familiar, depois de um evento X com Gavin (que acendeu o primeiro sinal de alerta na minha mente de leitora) eles acabam se aproximando e se relacionando, apesar da paixão se desenvolver bem rápido e um praticamente ter se tornado a vida do outro quase que instantaneamente eu não senti que isso era apenas mais um clichê, porque os pequenos fragmentos de alienação parental e outros tipos de instabilidade dão o empurrão que qualquer pessoa precisa para se agarrar no que parece ser a melhor saída.

“Ainda não sei, mas logo vai crescer um jardim dentro de mim. Com espinhos.”

Sabe aquela velha história que a maioria das pessoas reclama: fulano (a) se afastou depois que começou a se relacionar, isso aqui acontece por inúmeros motivos, mas a importância que os personagens secundários Liz e Nat que são amigas da Grace são fundamentais quando se tornam uma rede de apoio para a garota, sabe o termo de sororidade? São elas duas!

Apesar de ser avisada lá na primeira página sobre o quão toxico aquele relacionamento se tornaria e outras inúmeras situações que servem de alerta e Grace simplesmente não enxerga e é fácil entender porque ela se apaixonou; os amigos apesar de não entenderem como ela se sujeita as situações que vive nunca desistem dela e estão lá para dar a força que ela precisa e tentar fazer ela enxerga o que nem sempre é fácil para quem está vivendo a situação.

“Te entreguei meu coração numa bandeja de prata, e você o devorou. Pedacinho por pedacinho.”

O que me prendeu e me ganhou na história é que quando tomamos um partido na história, o outro lado não é apenas o lado mau ou louco, nada nem de longe justifica os comportamentos e situações, mas existe uma explicação do porquê as atitudes ou falta delas deixam os problemas crescem a um ponto insustentável, além disso  o bônus fica por conta de não só admitir que á um problema mas também aponta  o caminho para a resolução, não é só: vamos tirar essa pessoa do caminho esquecer esse personagem no livro, há enfrentamento e reconhecimento que se é necessário tratamento.

Os abusos não são explicitamente gráficos porém isso não diminui o impacto da leitura eu por diversas vezes quis gritar com o livro e arranca –la a força daquelas situações todo o plot é um exercício de empatia, em sua maioria os abusos não são físicos o que nos faz repensar a partir de que limite algo se torna abuso; esse é sem dúvida um dos pontos que espero que esse livro discuta amplamente aqui no Brasil, porque quanto classificamos algo como “mimimi” indiretamente estamos condenando quem vive em determinadas situações.

“Quando se é uma garota boba e apaixonada, é quase impossível ver os sinais de alerta. É muito fácil fingir que eles não existem, que tudo é perfeito. Os deuses do rock bonitões com beijos de tirar o folego sempre se safam de tudo. ”

Esse é um livro difícil sobre autodescoberta, perda, alienação parental sobre abuso, amadurecimento e definitivamente esse não é um livro divertido, mas as vezes é preciso sangrar para amadurecer e a literatura está aí para servir de base e alerta para situações da vida real.

Se você precisa de ajuda saiba que não está sozinho (a).

Ósculos e Amplexos, Karina.

Livro: Romance Tóxico
Autor: Heather Demetrios
Tradução: Flávia Souto Maior
Editora: Seguinte
Páginas: 416

Ósculos e Amplexos, Karina.





Karina, biomédica por formação e bookaholic por paixão!* Resenha escrita pela colaboradora Karina Carvalho especialmente para o Lendo e Escrevendo





8 comentários:

  1. Oi, Ká e Pah.
    Eu já fui mais de romances YA, mas hoje em dia ando evitando e dando preferência a histórias mais adultas. Acho que a velhice finalmente está me atingindo! rs...
    Além disso, esse coisa de romance tóxico não é para mim!
    Beijos
    Camis - blog Leitora Compulsiva

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    Respostas
    1. Guarda espaço pro YA aiiiiiiiiiii, que já já deve ter coisa nova da Abbi rs

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  2. Olá!

    Certamente esse não seria o tipo de leitura que eu realizaria, mas realmente acabamos julgando a pessoa sem saber o que ela está passando.
    O bom de tudo, é que mesmo a protagonista vivenciando um relacionamento abusivo, seus amigos não deixaram em momento algum de estar ao seu lado.
    Adorei sua resenha!

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  3. Amei a resenha!

    Este é um livro sobre o qual já ouvi falar e venho considerando ler, uma vez que aprecio os livros que tocam em temas tão reais, apesar de sempre ficar muito abalada com a leitura.

    Quero ver a Grace dar a volta por cima, se libertar não só do namorado abusivo, mas também dessa família que, com seus maus-tratos, só a jogou na direção do garoto errado, pois ele parecia a melhor solução, a melhor saída. Existem muitas crianças e adolescentes que vivem em lares abusivos, com famílias que os desestruturam emocionalmente. É uma realidade na qual pouco se toca, como se todas as famílias fossem perfeitas, como se todos os pais amassem e cuidassem de seus filhos, o que sabemos que não é bem assim.

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  4. Oi!
    Só pelo nome do livro, já senti a dimensão tensa e angustiante do enredo. Pela sua resenha percebi que apesar das coisas as vezes estarem estampadas a frente de seus olhos, o quanto é difícil enxergar ou realmente não queremos ver as situações, adorei a trama. Parabéns pela resenha pude perceber a tensão que você passou ao ler o livro, obrigado pela dica, bjs1

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  5. Olá, eu tenho esse livro mas ainda não li, gostei de conferir suas considerações sobre ele, acho super importante falarmos sobre relacionamentos abusivos na adolescência.

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  6. O título do livro já nos leva a entender que a leitura não será água com açúcar e acho que até dá mais votade de ler por causa desta ousadia do título. Já quero ler imediatamente.
    Beijos

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  7. Olá Karina!!!
    Eu acabo de adicionar esse livro nos que quero ler, pois acho que são assuntos como esses que não devem ser esquecidos e devem ser falados para que possamos está discutindo e falando sobre.
    Que bom que a leitura é algo que a gente saiba refletir acerca e que valha a pena.
    Não entendi a capa, mas que bom faz sentindo a história.
    Parabéns!!!

    lereliterario.blogspot.com

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