07 livros-reportagem que você precisa conhecer

 


Nem sempre no foco do bookstagram, os livro-reportagem marcam os leitores por trazerem histórias reais impactantes e, às vezes, devastadoras que ensinam e informam sobre acontecimentos no Brasil e no mundo, confira uma seleção com alguns livros-reportagem:

 

No início dos anos 60, o repórter Gay Talese saiu pela ruas de Nova York e descobriu uma segunda Estátua da Liberdade, cuja única função seria confundir os desavisados. Constatou também que os nova-iorquinos piscavam em média 28 vezes por segundo; que sob chuva o movimento do comércio caía de 15% a 20%, mas menos gente se matava nesses dias; que um mergulhador ganhava a vida recuperando objetos perdidos no fundo da baía de Nova York; que as prostitutas promoviam anualmente um baile em homenagem aos cafetães da cidade, e que as faxineiras do Empire State encontravam mais ou menos 5 mil dólares por ano nas 3 mil salas do edifício. Fama e anonimato está repleto de informações assim: aparentemente inúteis, mas que, nas mãos de um escritor de primeira categoria, imprimem a textura real da cidade e o rosto de seus habitantes. Nas três séries de reportagens reunidas neste livro - a primeira, sobre o estranho universo urbano que é Nova York; a segunda, sobre a saga da construção da ponte Verrazzano-Narrows, e a terceira, sobre artistas e esportistas americanos -, Talese abriu a picada do que mais tarde seria batizado de "novo jornalismo" ou jornalismo literário, um tipo de reportagem que alia um texto de alta qualidade a um olhar que foge aos lugares-comuns. Foi esse espírito de observação que levou Gay Talese a escrever um perfil considerado exemplar pela leveza e audácia com que foi feito: "Frank Sinatra está resfriado". Nesse texto, incluído na terceira parte do livro, o repórter faz um retrato certeiro do cantor, sem que tenha conseguido entrevistá-lo. Publicado no Brasil pela primeira vez em 1973, sob o título Aos olhos da multidão, o livro se tornou uma raridade disputada em sebos. Esta nova edição traz dois textos inéditos em livro, que narram a feitura do perfil de Sinatra e das matérias sobre a ponte Verrazzano-Narrows, além de um posfácio do jornalista Humberto Werneck.

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O americano Truman Capote foi um escritor versátil: produziu textos de qualidade em vários gêneros (contos, peças, reportagens, adaptações para TV e roteiros para filmes). Mas sua grande obra foi o romance-reportagem A sangue frio, que conta a história da morte de toda a família Clutter, em Holcomb, Kansas, e dos autores da chacina. Capote decidiu escrever sobre o assunto ao ler no jornal a notícia do assassinato da família, em 1959. Quase seis anos depois, em 1965, a história foi publicada em quatro partes na revista The New Yorker. Além de narrar o extermínio do fazendeiro Herbert Clutter, de sua esposa Bonnie e dos filhos Nancy e Kenyon - uma típica família americana dos anos 50, pacata e integrada à comunidade -, o livro reconstitui a trajetória dos assassinos. Perry Smith e Dick Hikcock planejaram o crime acreditando que se apropriariam de uma fortuna, mas não encontraram praticamente nada. Perry era um sonhador. Teve criação conturbada e violenta, e achava que a vida lhe tinha dado golpes injustos. Dick, considerado o cérebro da dupla, queria apenas arrebatar o dinheiro e desaparecer. Presos e condenados, ambos morreram na forca em 1965. Publicado no mesmo ano da execução dos assassinos, A sangue frio rapidamente se tornou um sucesso de crítica e vendas, rendendo alguns milhões de dólares ao autor. A intensa relação que Capote estabeleceu com suas fontes foi determinante para o êxito da obra. Além de passar mais de um ano na região de Holcomb, investigando e conversando com moradores, ele se aproximou dos criminosos e conquistou sua confiança. Traçou um perfil humano e eloqüente dos dois "meninos", como costumava chamá-los. Por seu estilo que combina a precisão factual com a força emotiva da criação artística - um romance de não-ficção, nas palavras do próprio autor -, A sangue frio é um marco na história do jornalismo e da literatura dos Estados Unidos. Reflexão sutil sobre as ambigüidades do sistema judicial do país, o texto desvenda o lado obscuro do sonho americano.

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A reportagem clássica sobre a bomba atômica que devastou a cidade de Hiroshima em 1945: um retrato de seis sobreviventes escrito um ano depois da explosão. Quarenta anos mais tarde, o autor reencontrou os entrevistados e completou o trabalho. Hiroshima permitiu que o mundo tomasse consciência do catastrófico poder de destruição das armas nucleares.

A bomba atômica matou 100 mil pessoas na cidade japonesa de Hiroshima, em agosto de 1945. Naquele dia, depois de um clarão silencioso, uma torre de poeira e fragmentos de fissão se ergueu no céu de Hiroshima, deixando cair gotas imensas - do tamanho de bolas de gude - da pavorosa mistura.

Um ano depois, a reportagem de John Hersey reconstituía o dia da explosão a partir do depoimento de seis sobreviventes. O texto tomava a edição inteira da revista The New Yorker, uma das mais importantes publicações semanais dos Estados Unidos. O trabalho do repórter alcançou uma repercussão extraordinária. Sua investigação aliava o rigor da informação jornalística à qualidade de um texto literário. Nascia ali um gênero de jornalismo que estabelecia novos parâmetros para a maneira de relatar os fatos. A narrativa de Hersey dava rosto à catástrofe da bomba: o horror tinha nome, idade e sexo. Ao optar por um texto simples, sem enfatizar emoções, o autor deixou fluir o relato oral de quem realmente viveu a história. Quarenta anos mais tarde, Hersey voltou a Hiroshima e escreveu o último capítulo da história dos hibakushas - as pessoas atingidas pelos efeitos da bomba. Hiroshima permitiu que o mundo avaliasse o inacreditável poder destrutivo das armas nucleares e a terrível implicação do seu uso.

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O médico Drauzio Varella relata dez anos de atendimento voluntário na Casa de Detenção de São Paulo, o maior presídio do Brasil, e mostra como um código penal não-escrito organizava o comportamento da população carcerária. Em 1989, o médico Drauzio Varella iniciou na Detenção um trabalho voluntário de prevenção à AIDS. Entre os mais de 7200 presos, conheceu pessoas como Mário Cachorro, Roberto Carlos, Sem-Chance, seu Jeremias, Alfinete, Filósofo, Loreta e seu Luís. Não importava a pena a que tinham sido condenados, todos seguiam um rígido código penal não escrito, criado pela própria população carcerária. Contrariá-lo poderia equivaler à morte. O relato de Drauzio Varella neste livro tem as tonalidades da experiência pessoal: não busca denunciar um sistema prisional antiquado e desumano; expressa uma disposição para tratar com as pessoas caso a caso, mesmo em condições nada propícias à manifestação da individualidade. Lançado em 1999 e transformado em filme em 2003, por Hector Babenco, Estação Carandiru recebeu o Prêmio Jabuti 2000 de livro do ano e, desde então, já vendeu centenas de milhares de exemplares.

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Em 26 de abril de 1986, uma explosão seguida de incêndio na usina nuclear de Tchernóbil, na Ucrânia - então parte da finada União Soviética -, provocou uma catástrofe sem precedentes em toda a era nuclear: uma quantidade imensa de partículas radioativas foi lançada na atmosfera da URSS e em boa parte da Europa. Em poucos dias, a cidade de Prípiat, fundada em 1970, teve que ser evacuada. Pessoas, animais e plantas, expostos à radiação liberada pelo vazamento da usina, padeceram imediatamente ou nas semanas seguintes. Tão grave quanto o acontecimento foi a postura dos governantes e gestores soviéticos (que nem desconfiavam estar às vésperas da queda do regime, ocorrida poucos anos depois). Esquivavam-se da verdade e expunham trabalhadores, cientistas e soldados à morte durante os serviços de reparo na usina. Pessoas comuns, que mantinham a fé no grande império comunista, recebiam poucas informações, numa luta inglória, em que pás eram usadas para combater o átomo. A morte chegava em poucos dias. Com sorte, podia-se ser sepultado como um patriota em jazigos lacrados. É por meio das múltiplas vozes - de viúvas, trabalhadores afetados, cientistas ainda debilitados pela experiência, soldados, gente do povo - que Svetlana Aleksiévitch constrói esse livro arrebatador, a um só tempo, relato e testemunho de uma tragédia quase indizível. Cenas terríveis, acontecimentos dramáticos, episódios patéticos, tudo na história de Tchernóbil aparece com a força das melhores reportagens jornalísticas e a potência dos maiores romances literários. Eis uma obra-prima do nosso tempo.

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Em reportagem consagrada, Daniela Arbex denuncia um dos maiores genocídios do Brasil, no hospital Colônia, em Minas Gerais

No Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, conhecido apenas por Colônia, ocorreu uma das maiores barbáries da história do Brasil. O centro recebia diariamente, além de pacientes com diagnóstico de doença mental, homossexuais, prostitutas, epiléticos, mães solteiras, meninas problemáticas, mulheres engravidadas pelos patrões, moças que haviam perdido a virgindade antes do casamento, mendigos, alcoólatras, melancólicos, tímidos e todo tipo de gente considerada fora dos padrões sociais.

Essas pessoas foram maltratadas e mortas com o consentimento do Estado, médicos, funcionários e sociedade. Apesar das denúncias feitas a partir da década de 1960, mais de 60 mil internos morreram e um número incontável de vidas foi marcado de maneira irreversível.

Daniela Arbex entrevistou ex-funcionários e sobreviventes para resgatar de maneira detalhada e emocionante as histórias de quem viveu de perto o horror perpetrado por uma instituição com um propósito de limpeza social comparável aos regimes mais abomináveis do século XX. Um relato essencial e um marco do jornalismo investigativo no país, relançado pela Intrínseca com novo projeto gráfico e posfácio inédito da autora.

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Ao reconstituir de maneira sensível e inédita os acontecimentos da madrugada de 27 de janeiro de 2013, quando a cidade de Santa Maria perdeu de uma só vez 242 vidas, Daniela Arbex constrói uma obra que homenageia as vítimas e dá voz aos envolvidos em um dos episódios mais estarrecedores da história do país.

Para sentir e entender a verdadeira dimensão de uma catástrofe sobre a qual já se pensava saber quase tudo, foram necessárias centenas de horas dos depoimentos de sobreviventes, familiares das vítimas, equipes de resgate e profissionais da área da saúde ― ouvidos pela primeira vez neste livro. Daniela Arbex produziu um memorial para as vítimas dessa noite tenebrosa, que nos transporta até o momento em que as pessoas se amontoaram nos banheiros da Kiss em busca de ar, ao ginásio onde pais foram buscar seus filhos mortos, aos hospitais onde se tentava desesperadamente salvar as vidas que se esvaíam. A autora também foi em busca dos que continuam vivos, dos dias seguintes, das consequências de descuidos banalizados por empresários, políticos e cidadãos.

A leitura de Todo dia a mesma noite é uma dolorosa e necessária tomada de consciência, um despertar de empatia pelos jovens que tiveram o futuro barbaramente arrancado. Enxergá-los com tanta vivacidade no livro é um exercício que afasta qualquer apaziguamento que possamos sentir em relação ao crime, ainda impune.

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