Livros de autores japoneses para você conhecer #ListasLiterárias

 

Dia 18 de Junho é o ‘Dia Nacional da Imigração Japonesa’. A data escolhida coincide com a chegada do navio Kasato Maru, trazendo os primeiros 781 imigrantes (165 famílias) ao Brasil em 1908. Para marcar a data eu selecionei sete livros de autores japoneses publicados no Brasil que vocês precisam conferir. 



Relatos de um gato viajante, de Hiro Arikawa

O gato Nana está viajando pelo Japão. Ele não sabe muito bem para onde está indo ou por que, mas ele está sentado no banco da van prata de Satoru, seu dono. Lado a lado, eles cruzam o país para visitar velhos amigos. O fazendeiro durão que acredita que gatos só servem para caçar ratos, o simpático casal dono de uma pousada que aceita animais, e o marido abandonado pela esposa que ama animais. Mas qual é o motivo dessa viagem? E por que todos estão tão interessados em Nana e Satoru? Ninguém sabe muito bem o que está acontecendo e Satoru não diz nada, mas quando Nana descobrir o motivo da viagem, seu pequeno coração passará por uma das mais difíceis provas de suas sete vidas. Narrado em vozes alternadas, esse romance emocionante e divertido nos mostra um jovem de grande coração e um narrador-gato muito esperto, numa amizade que desafia as fronteiras de um país e da própria vida.

 


Sul da fronteira, oeste do sol, de Haruki Murakami

Em Sul da fronteira, oeste do sol ― uma das obras mais aclamadas de Haruki Murakami ―, o autor constrói uma história singela, mas potente, para falar do poder que as memórias e o desejo exercem sobre nós.

Nascido em 1951 em um subúrbio de Tóquio, Hajime chegou à meia-idade tendo conquistado tudo que queria. Os anos do pós-guerra trouxeram-lhe um bom casamento, duas filhas e uma carreira invejável como proprietário de dois clubes de jazz. No entanto, ele não consegue se desvencilhar da sensação incômoda de que nada daquilo traz felicidade para sua vida. Somada a isso, uma memória de infância de uma garota inteligente e solitária cresce em seu coração.

Quando essa colega do passado, Shimamoto, aparece em uma noite chuvosa, Hajime não consegue mais permanecer no cotidiano com o qual se acostumou. Shimamoto tem uma beleza de tirar o fôlego, mas guarda um segredo do qual não consegue escapar.

Em Sul da fronteira, oeste do sol , Murakami constrói uma narrativa de lirismo requintado sobre a simplicidade da vida de um homem, permeada por sucessos e decepções.

“Um mergulho fascinante na fragilidade humana, nas armadilhas da obsessão e no enigma impenetrável e sensual que o outro representa.” ― The New York Times



As irmãs Makioka, de Jun' Ichiro Tanizaki

Considerada a obra-prima do escritor Jun'ichiro Tanizaki, As irmãs Makioka traça um sutil e complexo perfil da sociedade japonesa durante os anos 1930 e aborda uma série de conflitos entre os valores japoneses e os ocidentais, bem como entre a tradição e a modernidade. A história, que começa no outono de 1936 e termina em abril de 1941, sob o impacto da Segunda Guerra Mundial, retrata a vida de uma abastada família da região de Kyoto e Osaka, no oeste do país. As irmãs Makioka (Tsuruko, Sachiko, Yukiko e Taeko) tentam resolver juntas seus problemas familiares e arranjar um casamento para a terceira delas, Yukiko, uma mulher de crenças tradicionais que aos trinta anos ainda não conseguiu se casar. Ao mesmo tempo representante da inércia das relações, a personagem é também um estandarte da tradição. Aliás, uma partícula de seu nome compõe o título original do livro, Sasameyuki - neve fina, a última a cair no inverno. Taeko, a caçula, também tem intenções de se casar, mas, em respeito às convenções sociais japonesas, ela precisa esperar o casamento da mais velha para decidir seu futuro. Taeko é a personagem mais aberta à modernização dos costumes e à cultura ocidental, sofrendo as consequências de seu comportamento e de suas opções.

 


A casa das belas adormecidas, de Yasunari Kawabata

Imbuída de um erotismo inusitado, esta obra, escrita em 1961, demonstra a maturidade estilística do autor, que se utiliza de sua virtuose descritiva para contar a história de Eguchi, um senhor de 67 anos que frequenta a "casa das belas adormecidas", uma espécie de bordel onde moças encontram-se em sono profundo, sob efeito de narcóticos. Apesar da idade avançada, o protagonista parte em busca dos prazeres perdidos e se depara com moças virgens, que os visitantes podem tocar, mas são proibidos de corromper. Daí derivam passagens antológicas de rememorações pessoais e fantasia. Kawabata procura desvendar o enigmático universo do corpo feminino em um culto ao belo e ao inalcançável, investigando as dores da solidão a partir da sutileza de um erotismo expressivo, constantemente atravessado por passagens de fina ironia e perturbadora consciência da passagem do tempo, do vazio existencial que permeia as relações humanas.

 


O museu do silêncio, de Yoko Ogawa

Os museus têm como pressuposto guardar objetos de valor histórico ou científico para fins de exibição pública, de modo a registrar à posteridade a importância que eles tiveram para a humanidade num período determinado. Mas como seria no caso de um museu que tivesse como objetivo preservar lembranças de pessoas que morreram? Essa é a essência da trama proposta pela japonesa Yoko Ogawa neste O Museu do Silêncio, primeira amostra da produção da autora que a Estação Liberdade traz ao público brasileiro. O sonho de dar cabo ao Museu do Silêncio é de uma velha que vive com a jovem filha e um casal de empregados. Um museólogo - narrador da história - é contratado por ela para tirar o projeto do papel. De personalidade hostil e sem o menor traquejo social, a velha tem lá suas idiossincrasias, sobretudo em relação ao tipo de conteúdo que planeja para o museu: as lembranças dos mortos precisam ser representativas do que eles foram em vida. Uma peça de roupa, uma fotografia sorridente - nada disso. Não se trata de preservar lembranças afetivas. Cada objeto do museu precisa ser a metáfora perfeita da existência do finado. No caso do homem cego, por exemplo, só mesmo seu olho de vidro serve às intenções da velha. E o museólogo - nenhum dos personagens do livro é nomeado - tem que se virar para recolher esse tipo de "relíquia" dos corpos moribundos.

 


O livro do chá, de Kakuzo Okakura

Escrito em 1906, O livro do chá promove uma reflexão, a partir da história e da descrição desse cerimonial, sobre o antagonismo entre tradição e modernidade. Escrita propositalmente em inglês, a obra tem como um dos objetivos tornar a tradição oriental conhecida e respeitada no Ocidente. O poder contido na simplicidade, a potência oculta nos pequenos gestos quando executados com perfeição, a influência do taoísmo e do zen no cerimonial do chá - são esses alguns motes desenvolvidos no livro, de modo poético e conciso.



1q84, de Haruki Murakami

Haruki Murakami é um fenômeno da literatura contemporânea, e 1Q84 é seu livro mais ambicioso. A obra esteve no topo das listas de mais vendidos no mundo inteiro e, só no Japão, ultrapassou a marca de quatro milhões de exemplares vendidos. Ao narrar duas histórias que aos poucos se cruzam - de Aomame, uma jovem que oculta sua fatal profissão, e Tengo, um rapaz que pretende ser escritor, mas se envolve num jogo perigoso ao reescrever um romance enigmático -, Murakami constrói uma saga pós-moderna, com mundos paralelos, garotas misteriosas, assassinatos e estranhas seitas.

 


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